Paraíba pequenina

vou falar da Paraíba
das coisa que tem aqui
do sertão ao litoral
do brejo ao cariri
terra de fertilidade
fico doido de saudades
quando ouço falar em ti


Coremas tem muita água
terra que me viu nascer
Campina grande é grande
nunca para de crescer
onde muitos sertanejos
realizaram os desejos
de estudar para vencer


Terra de bonita praias
onde o sol nasce primeiro
o ponto mais oriental
no nordeste brasileiro
onde as praias são mais belas
enfeitadas pelas velas
do nosso herói jangadeiro


O sisal e o abacaxi
de lá se faz exportação
o ouro branco floresce
no capucho do algodão
tem açúcar em quantidade
pra atender mais da metade
do consumo da nação


No sertão tem vaqueijada
que é a festa do vaqueiro
em Campina todo ano
é ponto de forrozeiro
pra fazer animação
e dançar o maior são João
do nordeste brasileiro


Quem visita a Paraíba
juro que não esquece mais
tem a capital mais verde
entre todas capitais
seu passado conservado
seu presente adiantado
nos termos nacionais


A cultura está presente
do sertão ao litoral
poetas e violeiros
que não baixa a sua moral
cantores e compositores
artesões e escritores
completam o quadro geral


Escolas e faculdades
as melhores do nordeste
oferecendo os cursos
formando os cabras da peste
pra trabalhar pelo mundo
sem esquecer um segundo
o lugar de onde vieste


Não sei porque vim embora
será obra do destino
será que não cabe mais um
lá não é tão pequenino
mais mesmo vivendo ausente
carrego sempre na mente
orgulho de ser nordestino
                        

Vou envelhecer fazendo o que fiz na mocidade


Hidroelétrica de Balbina. Manaus-Am 1986.

Me lembro do dia a dia
quando morei no sertão
tomar banho de cacimbão
toda manhã eu fazia
tudo era alegria
não pensava na idade
hoje só resta a saudade
e o tempo tá correndo
vou envelhecer fazendo
o que fiz na mocidade

Do meu tempo de rapaz
não é muito diferente
estou muito consciente
do que fiz  há tempo atraz
o que faço ninguém faz
pois não sinto essa idade
não invejo a mocidade
que do pesado está correndo
vou envelhecer fazendo
o que fiz na mocidade

Acordo de manhã cedo
vou direto pro roçado
pois no cabo do arado
corto terra sem ter medo
todo dia o mesmo enredo
pra mim é felicidade
não reclamo da idade
de noite não gemendo
vou envelhecer fazendo
o que fiz na mocidade

Galope a beira do fim

Eu queria viver a alegria
desses tempos que passam num segundo
velejar sobre o mares desse mundo
sem passar pelas ilhas da agonia
sassiar os desejos de Maria
purificar toda água desse mar
deixar uma semente em meu lugar
pra progredir e fazer um novo tempo
sem rascunho e sem cópias dos invento
que os homens da terra querem usar

Quem me dera se eu fosse um soberano
Pra prender e castigar os maus feitores
que se passam nesta vida por doutores
e comete o mesmo erro a cada ano
no avanço da ciência um engano
onde o homem passa anos a pesquisar
a maneira mais fácil de acabar
com essa grande maravilha natureza
procurando sua morte ou sua defeza
nos princípios de uma guerra nuclear

Veja bem como e linda a natureza
mas o homem é seu maior inimigo
se alimenta, respira e faz abrigo
e desfruta de sua grande riqueza
em troca de sua maior beleza
lhe desmata, toca fogo e vai embora
destruindo aos pouquinho a fauna e a flora
como se fosse ele quem a criou
desafiando as leis do criador
e pensa que niguém o ignora

Qualquer dia me sinto satisfeito
quando o homem conseguir se acabar
sei que vamos todos juntos pelo ar
numa nuvem compacta sem defeito
transformados em partículas por efeito
de um débil mental sem conciência
em querer dominar toda ciência
existentes pela lei da natureza
sabendo que no meio dessa grandeza
somos todos iguais por procedência

São Miguel Paulista

São Paulo abriga o estrangeiro
São Miguel o nordestino
eu também sou imigrante
por força do meu destino
é difícil comparar
São Miguel com o meu lugar
pois São Miguel é divino

Un pedaço do nordeste
assim posso avaliar
quem chega não quer sair
quem sai pensa em voltar
quem ficou não foi embora
quem saiu pouco demora
e em São Miguel vem morar

Bairro de miscigenação
todo credo e tada raça
acessível por várias vias
que se encontram na praça
grande centro comercial
tem o seu próprio jornal
que se distribui de graça

Encotrei a nordestina
que eu sempre procurava
na Pires encontrei o rio
que no meu sonho eu nadava
na serra dourada encontrei
o ouro que procurei
pra enfeitar quem amava

Sítio Catolé - Onde nasci

Uma casa sem varanda
Pequena porém singela
Um curral cheio de gado
Um cavalo bom de cela
Nove irmãos para brincar
Açude bom pra pescar
Riacho pra tomar banho
Duas mangueiras frondosas
Seis ovelhas mimosas
E um jumento castanho

Um pé de goiaba vermelha
Dois pés de açafrão
Um pé de graviola
Pertinho do cacimbão
Vários pés de oiticica
Onde em sua sombra fica
Seus frutos pra ser colhidos
Uns vintes pés de bananas
Umas torceiras de canas
E um cachorro escondido

Um baixio bom de arroz
Milho, fava e feijão
Bastante pasto pro gado
Terreno bom pra algodão
Que em um ano de envernada
Meu pai colhia carrada
Da semente que plantou
O velho nunca foi mole
Sozinho criou a prole
Só Deus do céu lhe ajudou

Onze filhos ali nasceram
Porém um não teve sorte
Mesmo antes de nascer
Deus lhe mandou a morte
Os outros quando crescia
Deixavam a terra macia
E na cidade iam morar
Quando o último se ausentou
O meu pai se aposentou
E também deixou o lugar

Mas hoje todos estão vivos
Meus pais e os outros irmãos
Multiplicando a semente
Plantada lá no sertão
Raimundo e Dulcelina
São duas jóias tão fina
Que Deus uniu em um par
Felicidades a eles
E também os filhos deles
Aonde se encontrar

Foi nesse pedaço de chão
Que quando chove é uma delícia
Ali nasceu Severino
Francisquinha e Letícia
Clezuite e delminha
Nini, Teca e Corrinha
Eu, o penúltimo a vir ao mundo
Alcântara o derradeiro
Completando o ciclo primeiro
Da família do Raimundo

Quem sou eu ?


Sou o verde do sertão
na época da invernada
um retirante sonhador
na capital desvairada
viajo no pensamento
escrevendo meus lamentos
nas pedras da minha estrada

Sou filho da mata virgem
sou o canto do tetéu
sou pau de bater em doido
sou linha de carretel
não temo a noite escura
adoço a minha amargura
com a doçura do mel

Sou o ramo da gitirana
os espinhos das juremas
não sou poeta, faço versos
e transformo em poemas
quando me afogo em mágoas
levo pra lavar nas águas
do açude de Coremas

Eu sou nordestino macho
nascido lá no sertão
dou murro em ponta de faca
pego cobra com a mão
não tenho medo da fome
pois trabalho é meu nome
e o apelido é produção

Cada verso que eu faço
é retirado da mente
rimando rima com rima
nadando contra a corrente
sou como bezerro apartado
um nordestino afastado
da terra sêca da gente

De onde sou ?


Sou do sertão nordestino
Interior paraibano
onde a chuva é escassa
não chove nem todo ano
mas as sêcas não são  problemas
porquer  o açude de Coremas
é grande como um oceano

Do sertão lá da caatinga
do xique-xique e mandacarú
do pau ferro e aroeira
juazeiro e mulungú
oiticica e jatobá
da pitomba e do cajá
da cajarana e do umbú

Do beijú de tapioca
da carne com macacheira
dos butiquins, das bodegas
dos peixes na infieira
do nordestino matuto
alegre e muito astuto
que nunca perde uma feira

Da Campina grande ou pequena
do João de pessoa boa
da vaqueijada e novena
da poesia e da loa
do cariri, do agreste
sertão de cabra da peste
que não deixa a terra á toa

Sou da terra que eu queria
traze-la perto de mim
quero ir pra dentro dela
só quando chegar meu fim
para poder adubar
a terra do meu lugar
morrendo feliz assim

Visitando a minha terra


Fui rever o meu sertão
O lugar que fui nascido
Achei muito diferente
Porém não tinha esquecido
Chorei em ver o lugar
Um dia quero morar
Naquele sertão querido

Não encontrei os meus pais
Morando onde deixei
Se mudaram pra cidade
O qual o motivo eu sei
Pôr se encontrarem sozinhos
Pois foram poucos os vizinhos
Que pôr ali encontrei

Quase tudo abandonado
Esqueceram a agricultura
Não se planta mais a cana
Pra fazer a rapadura
O cata-vento quebrado
Que puxava água pro gado
Só restou a estrutura

A casa onde nasci
Nunca mais lhe entrou gente
Não é mais aquela casa
Do tempo de antigamente
Eu tinha felicidade
Hoje só resta a saudade
Morando na minha mente

A calçada esburacada
O mato cobrindo a porta
O curral sem a porteira
A cerca caída e torta
No peito deu uma dor
Quando vi o regador
Que eu aguava a horta

O pé de siriguela
Que enfeitava o terreiro
Fez lembrar a minha infância
Voltei no tempo ligeiro
Onde em seus galhos brincava
Com meus irmãos apostava
Quem desceria primeiro

Não tem mais as assafroas
Que fazia coloral
A mangueira grande caiu
Por causa de um temporal
A graviola morreu
E ninguém apareceu
Naquela zona rural

Senti falta do cachorro
Que vigiava o roçado
Apartava briga de bois
Eu sempre tava ao seu lado
Separava um a um
Preto igual a um anum
Ligeiro e muito ensinado



Entrei na casa aos pouquinho
A mente ficou confusa
Ainda tinha algumas coisa
Que na cidade não usa
A cangalha e o caçuá
Foice, picareta e pá
Com telha de aranha inclusa

O quibando remendado
Que mãe soprava cherem
O pilão de pisar milho
Que em toda casa tem
Uma mesa de aroeira
Uma velha ratoeira
E ratos pra mais de cem

A mesa e o oratório
Que mãe fazia oração
O meu nome na parede
Anotado com carvão
O tempo não apagou
Nem da memória tirou
As lembranças do sertão

A espingarda bate-bucha
Que eu caçava preá
A baleadeira quebrada
Também ainda estava lá
O arado enferrujado
Pelo tempo desprezado
Que eu ajudava a guiá

A bufuta e os fusos
Que tontonha fazia cordão
Um jogo de ancoretas
Sem as cordas e sem tampão
Um velho chapéu de couro
Uma careta de touro
Junto ao cilo de feijão

Vi a chaleira de flandre
Que papai fazia café
Pôr cima do pitisqueiro
Tinha uma lata de rapé
Uma peça da desnatadeira
Lembro que foi a primeira
Que chegou no catolé

A lamparina vazia
Com o pavio enegrecido
O pote d'água virado
Um tamborete partido
Se eu lembrasse que a lembrança
Faz chorar como criança
Ali eu não tinha ido

Fechei a porta da casa
E me sentei no batente
Botei a culpa na seca
Pôr ali não Ter mais gente
O lugar que fui criado
Hoje está abandonado
Mas não sai da minha mente

O Sr Rubens Pimentel, além de ter sido meu chefe por quase dez anos, foi um grande amigo. Escrevi esta homenagem no dia em que ele encerrou seus trabalhos perante a empresa que trabalhou durante trinta e oito anos.

Para quem se aposenta
não quer dizer que morreu
é o prêmio do trabalho
para aquele que mereceu
se aposentar com saúde
é coisa que vem de Deus

O patrão sempre precisa
de um bom proficional
pra dar conta do recado
junto com seu pessoal
pois igual ao Pimentel
é difícil ter igual

O trabalho para o homem
vem em primeiro lugar
depois vem a sua esposa
e os filhos pra criar
pois o resto é conseqüência
da sorte que Deus nos dar

Foram trinta e oito anos
de trabalho com amor
com sessenta de idade
agora se aposentou
irá cuidar dos seus netos
que os pais Jesus levou

A saudade e amizade
ficará no coração
de todos seus companheiros
que lhe tiveram atenção
iremos sentir a falta
do nosso amigo Rubão.

De Campina a Caruaru

Campina Grande já tem muita glória
já entrou na história
do maior forró
a cada dia está diferente
chegando mais gente
ficando melhor

Caruaru também se enfeita
começa a despeita
no mês de são João
e nessa briga so sobra alegria
forró todo dia
para a multidão

"Ta vindo gente até do exterior
do Iapoque até ao Chuí
se esse ano você vai eu vou
ano que vem também quero ir"

"Quero andar no trem do do forró
quero dançar no parque do povo
pular fogueira com uma perna só
cair na dança pra nascer de novo"

Toda comida típica do nordeste
e os cabras da peste
soltando rojão
forró na sala no meio do terreiro
a luz de candeeiro
fogueira e balão

No meu nordeste só reina alegria
durante trinta dias
ninguém cansa não
da capital até o interior
é só paz e amor
que vem do coração

juizo final

O homem ia para o céu
quando um anjo lhe parou
pediu permissão a ele
e em seguida falou
tem certeza que tu entras
na casa do criador?

Quantas esmolas negastes
quantas igrejas frequentou
quantas vezes disse não
aquele que te implorou
ignorando as ordens
do nosso pai criador

Fui tu que fizeste a bomba
quantas pessoas matou
também inventou o roubo
quantas pessoas roubou
praticou grandes pecados
sem pensar no criador

Destruio a natureza
que o nosso pai criou
até a água salgada
de petróleo tu sujou
fez a guerra por conta própria
sem perguntar ao senhor

Só usasse dez por cento
da inteligência que ganhou
e mesmo com esse pouco
tu mesmo se condenou
ainda queres entrar
na casa do criador?

Fizeste da inteligência
a arma que te matou
corrompeu-se com as drogas
que com dinheiro sujo comprou
mas teu dinheiro não compra
a casa do criador

Até teu corpo vendeste
sem prazer e sem amor
só por causa do dinheiro
que tu mesmo inventou
agora é muito tarde
pra falar com o senhor

Fizeste algumas coisas
que Deus até aprovou
mas foi insuficiente
perante o que tu causou
sabendo que tu faz parte
da obra do criador

Deus disse pra não matar
e mesmo assim tu matou
Deus disse pra não roubar
e mesmo assim tu roubou
Deus disse pra não mentir
e tu mentiu e jurou
fizeste tudo de errado
na presença do senhor

O homem ficou calado
dar jeito não tinha mais
se arrependeu muito tarde
não podia voltar atrás
voltou do caminho que ia
e foi fazer moradia
no inferno com satanás

Ela, eles e eu.

Momentos de alegria
Anos de felicidades
Reclamações da idade
Corpo igual não viria
Intuito da natureza
Amarei eternamente
Nacerão duas sementes
Aprimorando a beleza

Ramificará teu nome
Onde estiver reinará
Dará gosto aos descendentes
Riqueza também terá
Inimigo não te procura
Gozarás de vida pura
Ondes for Deus estará

Ninfa da felicidade
Aurora do amanhecer
Inpiração de poetas
Retrato do bem querer
Lírios dos campos celestes
Amarei até morrer

Feliz para sempre que eu seja
Enquanto vida tiver
Lutando com muita fé
Instruído por Deus eu seja
Caminhos escuros eu veja
Ignorando o errado
Dando pão ao renegado
Amando filhos e mulher
Deus me dê o que poder
Exemplo de homem honrado

Yrochima

Aqui era uma cidade
bem bonita e estrutural
de um povo bem educado
e um bom nível cultural
mais aconteceu um dia
a mais triste agonia
desse mundo desigual

Sobre os céus dassa cidade
de um veículo espacial
lançaram uma grande bomba
numa pontaria genial
acabou toda cidade
acabou a mocidade
dessa cidade fatal

Mas ali ainda tem gente
que com sufoco sobreviveu
tem cego, tem aleijado
com inveja de quem morreu
por todo canto tem prova
por todo canto tem cova
daquele que não viveu

Trocadilho

Veja, este povo doido
Olha, este mundo louco
Sinta, o sabor da vida
Engula, as palavras verídicas
Apalpe, este corpo máquina
Beba, suas próprias lágrimas
Cheire, o odor do pó
Cuspa, a saliva seca
Deglute, seu próprio suor

Defeque, neste povo doido
Amarre, este mundo louco
Despeça, do sabor da vida
Negue, as palavras verídicas
Escarre, neste corpo máquina
Mergulhe, em suas próprias lágrimas
Retire, o odor do pó
Vomite, saliva seca
beba, seu próprio suor

Entregue-se no fim da batalha
Aceite a terra prometida
Deite neste leito fúnebre
e siga o caminho escuro que você não escolheu

Desabafos

"A humanidade não passa de uma multidão louca e desvairada que procura descubrir o porque da vida"


"Dos bons momentos que juntos passamos,
em troca ganhei a solidão dos caminhos opostos que vamos"


"Mente quem diz,
que te ama sem olhar nos olhos.
mente quem diz,
que é feliz tendo amado uma vez"


"O amor é um nó cego
que nunca se desatou
quando a distância separa
sofre os dois do mesmo amor
pois quem tem amor ausente
já sofreu a minha dor"

Alguns apelidos verídicos exitentes na cidade de Coremas-Pb Tipo de rima: Mote decassílabo. Tema: "Não gosto de apelido acho bom não pôr em mim"

Papagaio, antôi boró
zé de Laura, guelão
pé de bomba, cabeção
mané carneiro e biró
caboré, dona loló
ota e chico serafim
bila de seu João capim
lavô e prego batido
não gosto de apelido
acho bom não pôr em mim

Chica preta, zé buchudo
zé vaqueiro e babau
tico da vargem e lalau
pororoca, chico mudo
buliguinha, zé bicudo
duxica do butiquim
manga podre e bacurim
begão e queixo caido
não gosto de apelido
acho bom não pôr em mim

Trapizomba e zé rapaz
chico panta e ze bigode
chupa chapa e zé do bode
guiné, pio e zé do gás
titico e zé de novais
geraldo doido e carrim
cantinha irmão de felim
coceira de pé de ouvido
não gosto de apelido
acho bom não pôr em mim

Trimilica, zé negão
nia, lôla e odinha
chico cutia e teinha
carrim de frança, manelão
ferrugem e gavião
val da cara de soim
perneta pai de cicim
mané branco e colorido
não gosto de apelido
acho bom não pôr em mim

Beto de chico jacó
mané louro, antôi de cota
zé frigino e seu tota
zé caduco e zé mocó
neguim de maroca e totó
antôi piau e micim
zé novato e paizim
galego dos zoi lambido
não gosto de apelido
acho bom não pôr em mim

Zanolho, chico perneta
teteu e paulo baié
ze da perua e bebé
buique e mané baieta
gatão e mané lambreta
fala fino e mucuim
macaúba e ze neguim
colorau desenchavido
não gosto de apelido
acho bom não pôr em mim

Vevém, Nelson paletó
seu tavera e chica boa
celina da canoa
chico belisio e filó
vela branca e cleó
babau irmão de novim
zé de nova e quimquim
pescoço torto encolhido
não gosto de apelido
acho bom não pôr em mim

Extinção

Ja derrubaram a aroeira
a ingazeira e o trapiá
a imburana e a cana caiana
dos canaviá

O jatobá está muito triste
pois o xiquexique veio lhe contar
que o pau d`arco ta de quarentena
na próxima novena
vão lhe queimar

O jacarandar quase sem defesa
já deu muita mesa
pra sala enfeitar
virou eterno portas e janelas
centros e gamelas
pernas pra balcão de bar

A barauna que ja deu cadeira
e por ser madeira
boa de queimar
tá preocupada que na quarta feira
em cinzas de fogueira
vão lhe transformar

Aconteceu comigo

Tanto tempo não esqueço
o olhar daquele adeus
uma praça, a lua, a noite
as estrelas, ela e eu
nunca mais vi minha amada
acho que de me se esqueceu

Coração partido chora
lágrimas descem sem querer
quem ama por muito tempo
não consegue esquecer
quem se sente abandonado
tem vontade de morrer

Não sei quanto tempo dura
para acabar um paixão
quando é forte e verdadeira
bem dentro do coração
pois a minha é eterna
dela não me livro não

Pois quem ama de verdade
não consegue se livrar
desse mal que mata a gente
que é o vício de amar
é uma doença gostosa
que faz a gente sonhar

Nunca parei para pensar
Amar era ilusão
Era o começo do fim
Retrocendendo a paixão
Coração se enfeitiçou
Inicio-se o amor
Afundo no coração

In memorian

Sonhei que estava no céu
Junto de nosso senhor
vi Ezir todo de branco
parecendo um doutor
no momento que me viu
sorrindo se aproximou

Perguntei porque ele estava
vestido daquela cor
e me respondeu chorando
entre alegria e dor
cheguei no céu estudante
e Jesus cristo me formou

Vi alí Doca bernardo
montado em seu alazão
todo vestido de couro
perneira, chapéu, jibão
representando os vaqueiros
nas corridas de mourão

Izidro se aproximou
vestia a farda da escola
trazia o uniforme do time
dentro de uma sacola
mostrando para os presentes
que sempre gostou de bola

Ildenato ia passando
ao me ver se aproximou
logo lhe reconheci
devido ao seu esplendor
e também pelo barulho
que fazia seu trator

Na difusora escutei
uma canção logo cedo
e depois ouvi a fala
do locutor sem segredo
e reconheci na hora
que era a voz de Valderedo

São muitas pessoas boas
que Jesus mandou chamar
Josicleide uma criança
Rosa de seu Valdemar
se vão as pessoas boas
as ruins ficam pra penar

Vi também os homens fortes
que coremas já perdeu
tio Otacílio, seu Renato
o tempo não esqueceu
o farmacêutico Antônio Lopes
que receitou rico e plebeu

E vi todos coremenses
que estavam junto a me
tio Chico do catolé
e o amigo João capim
e a minha vó Tontonha
que quase não teve fim

O sr Epitácio leite
o velho Maximiano
o amigo Tonho bezerra
parceiro de vários anos
morreu jovem por teimoso
sem realizar seus planos


Fiquei perto de Jesus
em cima do universo
dentro da eternidade
com os anjos submerso
pois quando eu acordei
transformei meu sonho em verso

Embolada: O rico e o pobre.

O rico só acorda cedo
pra correr no calçadão
veste uma camiseta limpa
põe um tenes e um calção
rico correndo é atleta
pobre correndo é ladrão

O pobre é enxerido
em tudo vai mais alem
quer comprar tudo que ver
no bolso nem um vintém
vê o rico comer carne
ele quer comer também

O rico gasta dinheiro
não liga pra caucatrua
se ele vai a um putero
é só pra ver mulher nua
e o pobre quando vai
está procurando a sua

Em um jogo de bilhar
tudo é apreciado
ninguém pode falar nada
tudo mundo tá calado
rico joga é elegante
pobre joga é viciado

Rico vestido de branco
é doutor que tem dinheiro
freqüentou universidade
estudou no estrangeiro
pobre vestido de branco
é garçom ou enfermeiro

O rico tem vários ternos
nunca se vê um igual
usa um a cada dia
outro é especial
o pobre usando terno
é da igreja universal

Rico usa celular
toda hora, todo instante
liga para o escritório
fala com a sua amante
pois o pobre quando usa
é porteiro ou vigilante

O rico faz um churrasco
convida pra mais de cem
a picanha é importada
a churrasqueira também
e o pobre queima no espeto
o miolo do acém

O rico quando se casa
e sai em lua de mel
viaja para o estrangeiro
fica no melhor hotel
e o pobre leva a coitada
pra curtir em um motel

O rico dorme tranqüilo
no seu quarto do futuro
a cama muito macia
não é claro nem escuro
o pobre dorme em barraco
numa cama de pau duro

Cada um tem um dever
uns nascem pra pagar mico
não sou rico nem sou pobre
no meio dos dois eu fico
mas o pobre só nasceu
para bajular o rico

Brasil

Tanta grana usada em armamento
do mais leve até o nuclear
tantos pobres nas portas a mendigar
chorando e pedindo alimento
os culpados não vão a julgamento
e o rico cada dia enricando
o governo do nosso bolso tirando
cada dia se paga mais imposto
e o empregado trabalha de mau gosto
porque em casa tudo está faltando

A cada dia se fecha um hospital
porque verba o governo não libera
morre gente na fila de espera
pra trocar um orgão que tá mal
de Brasília não se vê nem um sinal
que um dia isto pode melhorar
só se Deus lá do céu mandar acabar
com essa corja de político interesseiro
que passeiam de avião o ano inteiro
as custas de quem vive a trabalhar

E o salário dos pobres professores
não passa de um pouca ninharia
pra ensinar nossos filhos todo dia
tem que ter nervos propulsores
e os filhos dos agricultores
não tem escola na zona rural
vai crescendo como boi no curral
e só é lembrado na época da eleição
é forçado a votar pelo patrão
nos gorduchos lá da capital

Não adianta estudar pra se doutor
se não tem aonde trabalhar
a indústria não quer mais contratar
está trocando gente pôr robô
não se respeita mais o trabalhador
que em certos momentos é confundido
é tratado do jeito de bandido
pela polícia que se acha soberana
que não passa de um bando de sacana
de ladrões e corruptos inrrustidos

Versinhos maliciosos

O café é conhecido
pelo o aroma e o sabor
pois o café quando é bom
se sente no cuador

Eu sou pai de vinte filhos
e trabalho até de mais
vou trabalhando na frente
pra vinte comer atrás

Não gasto mais do que ganho
não posso as coisas inverter
tenho que economizar
pra quando quiser comer ter

Comprei uma cama nova
o colchão é do futuro
por que antes eu dormia
numa cama de pau duro

Eu morava em uma velha chopana
hoje moro em uma casinha
mais ainda sinto saudades
da velha chopana minha

Estava fazendo um café
e ficou amargo e fraco
pra não perder a mistura
passei o preto no saco

Não peço nada a ninguém
mas também nunca neguei
meu filho pediu dinheiro
e eu "pei" dei

Foi morar no rio grande
gostei muito do lugar
não é longe, nem é perto
de Passo Fundo pra cá

Aprecio várias frutas
pra comer de manhã cedo
mais não gosto de umbu
por umbu ser tão azedo

Coló é o meu gatinho
que ontem desapareceu
mais apareceu sem fome
aonde coló comeu?

Disseram que eu tinha culpa
na briga que aconteceu
lá tem culpa todo mundo
lá só não tem culpa eu.

Cada um

Não tem dor sem agonia
Não tem crime sem desgraça
Não tem fogo sem fumaça
Não tem sobrinho sem tia
Não tem noite sem ter dia
Não tem rico sem dinheiro
Não tem pão sem ter padeiro
Não tem amor sem afeto
Não tem avô sem ter neto
Não tem útimo sem primeiro

Nem toda água é de coco
Nem toda luz é do sol
Nem todo grande é maior
Nem todo mudo é moco
Nem toda agressão sai soco
Nem todo preso é ladrão
Nem tudo desce para o chão
Nem todos merecem o céu
Nem toda noiva usa véu
nem todo dono é patrão

Mas, Todo fogo é quente
Toda luz é claridade
Todo escasso é raridade
Todo honesto é conciente
Todo enfermo é paciente
Todo jogo é de azar
Todo sal só vem do mar
Todo veleiro usa vela
Toda cadeia tem sela
Todos vão para o mesmo lugar

Pra acabar com o bandido Só mesmo a pena de morte

Nos tempos de hoje em dia
acabou a impunidade
cresceu a mortalidade
aumentou a agonia
pois o governo sabia
que para o bem de nossa sorte
tem que ter esquema forte
e trabalhar bem escondido
pra acabar com o bandido
só mesmo a pena de morte

Todo dia e sequestrado
gente de fámilia fina
agente não imagina
como sofre o coitado
por bandido é guardado
num vão de pequeno porte
na orelha se faz corte
e um pedaço e exibido
pra acabar com o bandido
só mesmo a pena de morte

Você vê um deliquente
que estrupa a vítima e mata
quando isto se retrata
choca até o presidente
foram várias inocente
que no parque não tiveram sorte
induzidas pelo porte
do marginal inrustido
pra acabar com o bandido
só mesmo a pena de morte

Como pode um comando
comandar dentro do estado
o bandido é fardado
e armamento está sobrando
pra polícia está faltando
arma pesada e carro forte
se unir o sul ao norte
eles ganham o merecido
pra acabar com o bandido
só mesmo a pena de morte

Se for preso um marginal
dependendo do que fez
e se for a primeira vez
pode até não se da mau
mas se já fez coisa igual
na garganta merece um corte
pro inferno o passaporte
e o seu nome é esquecido
pra acabar com o bandido
só mesmo a pena de morte

Cada preso para o estado
é despesa que se tem
se é solto logo vem
e novamente é castigado
fica ali acomodado
gerando despesa forte
gordo igual a gado de corte
com isto eu fico fudido
pra acabar com o bandido
só mesmo a pena de morte

Quem tem amor ausente já sofreu a minha dor

É triste para quem ama
e tem que se ausentar
e não podendo levar
dorme sozinho na cama
assim deixei Marciana
e os frutos do nosso amor
hoje sozinho eu estou
pensando diariamente
quem tem amor ausente
já sofreu a minha dor

Na capital bandeirantes
é muito grande a distância
mas é maior minha ânsia
de revelos quanto antes
qualquer dia que eu levante
condições superior
irei buscar meu amor
e os meu dois filhos inocente
quem tem amor ausente
já sofreu a minha dor

Não pode se separar
quando se gosta de uma pessoa
fica doido, fica atoa
não para pára pensar
só pensa em poder voltar
para os braços do seu amor
e sentir o seu calor
no abraço e no beijo quente
quem tem amor ausente
já sofreu a minha dor

Quando vejo uma criança
logo vem no pensamento
daquele último momento
que abracei com esperança
de leva-los na lembrança
minha parte que ficou
pois só metade restou
desse pobre penitente
quem tem amor ausente
já sofreu a minha dor

Todo dia telefono
alegro-me em ouvir a voz
não suporto viver a sós
a noite não tenho sono
me sinto um cão sem dono
neste mundo sofredor
desempregado eu estou
sofrendo terrivelmente
quem tem amor ausente
já sofreu a minha dor

Sei que não posso voltar
porquer lá a vida é dura
não tem nada de fartura
para os filhos alimentar
não tem onde trabalhar
não tem chuva é só calor
pois eu peço ao senhor
que me ajude novamente
quem tem amor ausente
já sofreu a minha dor

Alegria e tristeza

A chuva caindo traz
alegria ao sertanejo
semente vira comida
capim verde vira queijo
arado rasgando a terra
o verde colora a serra
é festa no vilarejo

A alegria é tamanha
Deus olhou para o torrão
devolveu todas as lágrimas
que choraram no sertão
acabou a vida dura
cana vira rapadura
acabou a imigração

É leite, queijo e coalhada
milho verde que beleza
os bezerros escramuçando
agradecendo a natureza
o nordestino agradece
vai pagar a sua prece
por ter chegado a riqueza

Mas de repente isto passa
e o sertão fica esquecido
a seca chega de novo
fica tudo enegrecido
os filhos pedindo pão
a lama vira torrão
e o sertanejo é vencido

É obra da natureza
tempo bom e tempo ruim
ninguém resolve o problema
só Deus pode dar um fim
Como político eu podia
mas se fizer isso um dia
não virá verba para me

É o comércio da seca
o político é o mercador
a mercadoria é a promessa
o cliente é o eleitor
entra ano e sai ano
o pobre entra pelo cano
só o governo ganhou

Brasil caboclo

O negro de antigamente
não tinha valor de nada
pois no cabo da enxada
trabalhava permanente
era uma vida diferente
enricando seu patrão
morava em barracão
trabalhava feito louco
era um Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Pelo grande fazendeiro
o negrão era comprado
pra trabalhar no roçado
em regime cativeiro
valia pouco dinheiro
perante a situação
quando era velho o negrão
não servia nem de troco
era um Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Pois o negro pertencia
ao rico senhor de engenho
malvado ruim e desdenho
que nunca lhe agradecia
quando não lhe obedecia
levava muito empurrão
era surrado no chão
com chibata pé e soco
era um Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Apanhava todo dia
mesmo sem necessidade
não importava a idade
de chicote lhe batia
era aquela agonia
negro rolando no chão
amarrado pelas mãos
chorava de ficar roco
era um Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Pois o negro na senzala
era tratado como bicho
niguém lhe dava capricho
não tinha direito a fala
um saco velho era a mala
sua roupa era um calção
esperando a libertação
dormindo em palha de coco
era um Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Mas hoje tudo mudou
ele pode jogar bola
tem direito a escola
pode ater ser um doutor
ser chamado de senhor
quando ele é capitão
tem negro na seleção
que não liga nem pra troco
nesse Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Hoje ele vale mais
e é tratado como gente
não é mais um indigente
como nos tempos atras
hoje ele é capaz
de conduzir uma nação
inverteu a situação
põe o branco no sufoco
nesse Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Mesmo sendo estudado
o racismo continua
você vê no meio da rua
o negro ser rejeitado
mas eu acho que o coitado
não merece humilhação
pois todos somos irmãos
transformados pouco a pouco
nesse Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Quero

Eu quero um tempo que se perdeu
eu quero um vento pra procurar
eu quero tudo que ainda é meu
eu quero as coisas do meu lugar

"Eu quero a vida, quero teu amor
provar do teu beijo, forte e matador
quero morena querer não queria
quem ama pra sempre morre de alegria"

Se a vida fosse como eu queria
já mais pensava em me matar
junto comigo tu morrerias
naturalmente no meu lugar

"Eu quero a vida, quero teu amor
provar do teu beijo, forte e matador
quero morena querer não queria
quem ama pra semore morre de alegria"

Eu quero a vida
quero a paz inteira
quero um amor pra me consolar
esta paixão forte e matadeira
quero uma rede pra me balançar

"Eu quero a vida, quero teu amor
provar do teu beijo, forte e matador
quero morena querer não queria
quem ama pra sempre  morre de alegria"

Mesmo querendo sem tu me querer
a cada dia fico solitário
levando a vida trazendo você
junto comigo no imaginário.



"Eu quero a vida, quero teu amor
provar do teu beijo, forte e matador
quero morena querer não queria
quem ama pra semore morre de alegria"






Desafio entre cantadores: Um mente, o outro desmente.

Cantador A
O dinheiro mim faz bem
é minha felicidade
compro até uma cidade
ainda sobra algum vintém
mais do que eu ninguém tem
compro gente e animais
aviões e catedrais
sou conhecido mundialmente
o que faço no repente
poeta nenhum desfaz

Cantador B
Você nunca teve dinheiro
e é pobre de esmola
sua mala é uma sacola
sua casa é um juazeiro
não se sabe no estrangeiro
se você é um a mais
não tem crédito nem cartaz
é apenas um indigente
vá construindo na frente
que eu vou desmanchando atrás

Cantador A
Não posso sair na rua
com as mulheres me beijando
me puxando me agarrando
me mostrando a pele nua
vou ter que morar na lua
que é pra ver se fico em paz
sou bonito até de mais
fui feito perfeitamente
o que faço no repente
poeta nenhum desfaz

Cantador B
No dia que tu nasceu
teu pai se suicidou
da coisa que tua mãe obrou
o céu todo escureceu
a terra toda tremeu
não tinha frente nem trás
parecia o satanás
não parecia com gente
vá construindo na frente
que eu vou desmanchando atrás

Cantador A
Sou doutor em poesia
canto o campo e a cidade
a velhice e a mocidade
sou filho da maresia
não tenho mente fazia
não ando com marginais
não invejo quem tem mais
pois tenho o suficiente
o que faço no repente
poeta nenhum desfaz

Cantador B
Você é um invejoso
também não sabe cantar
fica aí a me imitar
isto me deixa nervoso
é um grande ambicioso
fugitivo de Alcatraz
coisa boa tu não faz
porque tu nasceu sem mente
vá construindo na frente
que eu vou desmanchando atrás

Cantador A
Eu conheço o mundo inteiro
sei falar dez indioma
não nasci pra ser cafona
e no verso sou ligeiro
cantador bisbilhoteiro
não me imitará já mais
pois nos cantos que tu vais
eu não passo nem em frente
o que faço no repente
poeta nenhum desfaz

Cantador B
Tu nasceu no catolé
município de Coremas
quem já leu os teus poemas
sabe bem o que você é
foi criado em um chalé
lá dentro dos matagais
nos versos que você faz
se parece inteligente
vá construindo na frente
que eu vou desmanchando atrás

Quero ver você fazer Faço o que você mandar

To vendo do outro lado
Três turistas a passear
Convença eles a pular
Dentro do lago gelado
Eles não estão preparados
Usam roupas de lazer
De onde são eu vou dizer
Pra você bolar seu plano
É francês, brasileiro e americano
Quero ver você fazer

Digo para o americano
Que é lei do meu estado
Pra tomar banho gelado
Nesta data todo ano
O francês eu lhe engano
Que a moda é nadar
Com certeza vai pular
E Para o nosso enxerido
Digo que é proibido
Faço o que você mandar

Quero que você transporte
Pro outro lado do rio
Um fardo de capim macio
Uma onça e um carneiro forte
O seu barco não tem porte
Só leva um a mercê
Quero ver você trazer
Um a um Sem amarrar
Soltos vão se devorar
Quero vê você fazer

Primeiro eu levo o carneiro
Volto sem achar ruim
Onça não come capim
Não precisa desespero
Levo o capim ligeiro
E o carneiro voltou
Desse lado ele ficou
Levo a onça pôr terceiro
Volto pra pegar o carneiro
E faço o que você mandou

Tava trocando um pneu
Gastado por muito uso
E os quatros parafusos
Sem querer você perdeu
Não passa um amigo seu
Que venha lhe socorrer
Não tem aonde vender
Está bastante atrasado
Da cidade afastado
Quero ver o que vai fazer

Pois eu tenho a solução
E sou bom em matemática
Vou lhe ensinar uma tática
Para esta ocasião
Veja a explicação
Os três pneus estão no lugar
De cada um eu vou tirar
Um parafuso por vês
Todos vão ficar com três
E faço o que você mandar

Homenagem a cidade de Coremas

Tú és bonita como o sol que vem nascendo
nas tuas águas a lua vem se banhar
o rio corre de mansinho atras da rua
saudades tua
vai levando até o mar

Mãe d'agua entre as serras vem descendo
transformando gota d'agua em vapor
o vento tras e se mistura nos meus olhos
e eu as molhos
com minhas lágrimas de amor

A turbina a noite inteira a soluçar
numa cantiga que é para o rio dormir
ele não dorme eu também fico acordado
vivo frustado
com um amor que aí perdi.

É Coremas,
É coremas,

Tú és o mais belo oásis do sertão.

É Coremas,
É coremas,

Tuas meninas enfeitiçou meu coração.

Internet

O homem está avançado
não anda mais de charrete
esta rede mundial
traz notícias e faz enquete
tudo está interligado
tudo de certo e errado
você ver na internet

O meu filho Rodrigo
abandonou o basquete
arranjou dez namoradas
não por causa da camionete
é que ele passa o dia inteiro
viajando sem dinheiro
nos sites da internet

A minha filha Nairla
de idade já fez sete
abandonou as bonecas
não é mais minha tiete
emagreceu um quilo e meio
já tem até seu e-mail
nessa tal de internet

Até a minha mulher
que sonhava em ser chacrete
abandonou a cozinha
nunca mais fez omelete
vez em quando está comprando
e o meu dinheiro acabando
nessa tal de internet

Até na zona rural
quem andava de chevete
já pode trocar de carro
não se paga nem o frete
no Brasil ou no estrangeiro
você gasta seu dinheiro
nas lojas da internet

quando eu era rapaz
era chegado a um fernete
namorava ao mesmo tempo
márcia, ana e marinete
porem agora afastado
mando um abraço apertado
através da internet

Eu nasci lá no sertão
não conhecia nem chiclete
o meu livro era o roçado
a caneta o canivete
hoje o mundo mudou
e a vida mim ensinou
a fazer página pra internet

Sertanejo

Deus mandou alegria
em forma de chuva
para o bom lavrador
que no cabo da enchada
vai tocando em frente
plantando a semente
com coragem e amor

Sua lida é dura
para os filhos criar
não tem nada em fartura
pra se alimentar
não tem nada e tem tudo
naquele torrão
mais Deus está presente
no seu coração

Sai cedo de casa
para o mato limpar
só volta uma hora
pra se alimentar
e tira uma madorna
que é pra descançar
voltando a noite
para se deitar

Sertanejo forte
não tem medo não
não tem medo da fome
a calor lhe consome
mas não larga o torrão.

Sonho de criança

Desde criança
eu nasci com a esperança
de quem quer um dia alcança
e me pus a imaginar

Tinha vontade de sair no meio do mundo
ser bom homem ou vagabundo
um político ou militar

Mas, nunca podemos desmanchar nosso futuro
que é igual ao um mundo escuro
que ninguém pode enxergar

A cada dia meus pensamentos crescia
e eu ficava noite e dia
procurando o que fazer

Até que um dia eu senti no coração
uma vontade, uma paixão
de outras terras conhecer

Peguei os panos e saí pelas estradas
não levava quase nada
só a vontade de viver

E embarquei num navio americano
me danei nos oceanos
e comecei a imaginar

e vi no mar
muitas coisas belas
vi as ondas, vi proscelas
fiz galope a beira mar

desembarquei no porto de São Francisco
pois corri tamanhos riscos
por inglês não falar bem

digo também
que já estou acostumado
aprendi um bom bocado
do cotidiano daquí

Mando um abraço pra esse Brasil brasileiro
terra de verdes coqueiro
onde cantava o sabiá

mando um beijo pra esse povo varonil
daqui pro ano dois mil
eu erei lhes visitar

Quando chove no sertão

Quando chove no sertão
Quando chove no sertão
a natureza desperta
o trovão estala forte
que o coração se aperta
a terra toda brotando
a passarada cantando
numa alegria sem par
o rio como uma cobra
correndo fazendo dobra
até o encontro com o mar

O raio clareia a noite
expulsando a escuridão
a terra exala seu cheiro
anunciando a plantação
a seca fecha a cortina
o verde cobre a colina
no mais belo esplendor
é um quadro sem defeito
que só poderar ser feito
pela mão do criador

O Peixe nada ao contrario
da correnteza do rio
o vale vira um tapete
de capim verde e macio
borboletas e beija-flores
ficam fazendo favores
aumenta a fecundação
e as flores se multiplica
é isso tudo que explica
que há chuva no sertão

Qualquer pessoa se encanta
admirando o painel
abelhas levando o necta
para fabricar o mel
besouros a zumbizar
um aqui outro acolá
não se sabe de onde vem
isto tudo me comove
só pode ver quando chove
as coisas lindas que tem

Os bezerros escramuçando
logo que amanhece o dia
o João de barro começa
a fazer sua moradia
o cavalo relinchando
e o orvalho molhando
quem entre o mato passar
ali tudo recomeça
o capim nasce com pressa
pro gado se alimentar

A brisa corre entre o pasto
traz o cheiro da alfazema
a folha nasce ligeiro
de verde cobre a jurema
melão Caetano surgindo
a gitirana subindo
vai abraçando o mourão
e o sertanejo animado
cedinho vai pro roçado
começar a plantação