Sou o verde do sertão na época da invernada um retirante sonhador na capital desvairada viajo no pensamento escrevendo meus lamentos nas pedras da minha estrada Sou filho da mata virgem sou o canto do tetéu sou pau de bater em doido sou linha de carretel não temo a noite escura adoço a minha amargura com a doçura do mel Sou o ramo da gitirana os espinhos das juremas não sou poeta, faço versos e transformo em poemas quando me afogo em mágoas levo pra lavar nas águas do açude de Coremas | Eu sou nordestino macho nascido lá no sertão dou murro em ponta de faca pego cobra com a mão não tenho medo da fome pois trabalho é meu nome e o apelido é produção Cada verso que eu faço é retirado da mente rimando rima com rima nadando contra a corrente sou como bezerro apartado um nordestino afastado da terra sêca da gente |