Quem sou eu ?


Sou o verde do sertão
na época da invernada
um retirante sonhador
na capital desvairada
viajo no pensamento
escrevendo meus lamentos
nas pedras da minha estrada

Sou filho da mata virgem
sou o canto do tetéu
sou pau de bater em doido
sou linha de carretel
não temo a noite escura
adoço a minha amargura
com a doçura do mel

Sou o ramo da gitirana
os espinhos das juremas
não sou poeta, faço versos
e transformo em poemas
quando me afogo em mágoas
levo pra lavar nas águas
do açude de Coremas

Eu sou nordestino macho
nascido lá no sertão
dou murro em ponta de faca
pego cobra com a mão
não tenho medo da fome
pois trabalho é meu nome
e o apelido é produção

Cada verso que eu faço
é retirado da mente
rimando rima com rima
nadando contra a corrente
sou como bezerro apartado
um nordestino afastado
da terra sêca da gente