Uma casa sem varanda
Pequena porém singela
Um curral cheio de gado
Um cavalo bom de cela
Nove irmãos para brincar
Açude bom pra pescar
Riacho pra tomar banho
Duas mangueiras frondosas
Seis ovelhas mimosas
E um jumento castanho
Um pé de goiaba vermelha
Dois pés de açafrão
Um pé de graviola
Pertinho do cacimbão
Vários pés de oiticica
Onde em sua sombra fica
Seus frutos pra ser colhidos
Uns vintes pés de bananas
Umas torceiras de canas
E um cachorro escondido
Um baixio bom de arroz
Milho, fava e feijão
Bastante pasto pro gado
Terreno bom pra algodão
Que em um ano de envernada
Meu pai colhia carrada
Da semente que plantou
O velho nunca foi mole
Sozinho criou a prole
Só Deus do céu lhe ajudou
Onze filhos ali nasceram
Porém um não teve sorte
Mesmo antes de nascer
Deus lhe mandou a morte
Os outros quando crescia
Deixavam a terra macia
E na cidade iam morar
Quando o último se ausentou
O meu pai se aposentou
E também deixou o lugar
Mas hoje todos estão vivos
Meus pais e os outros irmãos
Multiplicando a semente
Plantada lá no sertão
Raimundo e Dulcelina
São duas jóias tão fina
Que Deus uniu em um par
Felicidades a eles
E também os filhos deles
Aonde se encontrar
Foi nesse pedaço de chão
Que quando chove é uma delícia
Ali nasceu Severino
Francisquinha e Letícia
Clezuite e delminha
Nini, Teca e Corrinha
Eu, o penúltimo a vir ao mundo
Alcântara o derradeiro
Completando o ciclo primeiro
Da família do Raimundo