Brasil caboclo

O negro de antigamente
não tinha valor de nada
pois no cabo da enxada
trabalhava permanente
era uma vida diferente
enricando seu patrão
morava em barracão
trabalhava feito louco
era um Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Pelo grande fazendeiro
o negrão era comprado
pra trabalhar no roçado
em regime cativeiro
valia pouco dinheiro
perante a situação
quando era velho o negrão
não servia nem de troco
era um Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Pois o negro pertencia
ao rico senhor de engenho
malvado ruim e desdenho
que nunca lhe agradecia
quando não lhe obedecia
levava muito empurrão
era surrado no chão
com chibata pé e soco
era um Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Apanhava todo dia
mesmo sem necessidade
não importava a idade
de chicote lhe batia
era aquela agonia
negro rolando no chão
amarrado pelas mãos
chorava de ficar roco
era um Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Pois o negro na senzala
era tratado como bicho
niguém lhe dava capricho
não tinha direito a fala
um saco velho era a mala
sua roupa era um calção
esperando a libertação
dormindo em palha de coco
era um Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Mas hoje tudo mudou
ele pode jogar bola
tem direito a escola
pode ater ser um doutor
ser chamado de senhor
quando ele é capitão
tem negro na seleção
que não liga nem pra troco
nesse Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Hoje ele vale mais
e é tratado como gente
não é mais um indigente
como nos tempos atras
hoje ele é capaz
de conduzir uma nação
inverteu a situação
põe o branco no sufoco
nesse Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João

Mesmo sendo estudado
o racismo continua
você vê no meio da rua
o negro ser rejeitado
mas eu acho que o coitado
não merece humilhação
pois todos somos irmãos
transformados pouco a pouco
nesse Brasil de caboclo
de mãe preta e pai João