Eu não morri.

me despeço de vocês
dos nossos dias atuais
com meus peixes alimentei
comunidades em gerais
deverti a mocidade
que vinha pra essa cidade
nas manhãs dominicais

meu suspiro acabou
tô quase perto do fim
quem sabe o ano que vem
ressuscitará a mim
aí encherei de novo
pra mostrar pra esse povo
que tiraram água de mim

peço desculpa aos pescadores
homens de grande valor
dei meus filhos pra criar
os seus filhos com amor
fizeste tuas bravuras
navegando em águas escuras
transformandos em doutor.

Mas ainda não morri
ainda tô um fiapim
em dois mil e dezessete
água entrará em mim
voltando o que era ante
porque um grande gigante
não pode ver o seu fim.




O açude secou.

Quem viu Coremas no passado
hoje  da tristeza em ver
um oásis no sertão
água pra dar e vender
hoje a água se acabou
só na lembrança ficou
dos olhos que poderam ver

Ele fez a sua parte
irrigou a plantação
matou a cede do povo
numa grande região
de patos a caicó
perenizou o rio maior
das bandas do meu sertão

mais veio o desacaso
não pensaram no futuro
desviaram muita água
nesse termo eu afiguro
no canal da redenção
ninguém ver irrigação
com certeza lhe asseguro

E agora minha gente
o que devemos fazer
cavar buraco no chão
pra ter água pra beber
ou vamos rezar com fé
que pro ano que vier
Deus mande o açude encher

Ainda tem outra saída
que só escuto o fuchico
seria a transposição
lá do rio são francisco
mas quando aqui chegar
as águas que vem de lá
não enche nem um pinico

Tomara que esteja errado
nada venha acontecer
Deus vai mandar muita chuva
para o nosso açude encher
vamos fazer oração
pra o oásis do sertão
sangrando podemos ver